É com um brilhozinho nos olhos que fala da qualidade e do sucesso do restaurante O Apeadeiro. “Felizmente, posso dizer-lhe que não temos sentido a crise. Tudo isto é fruto da excelência da qualidade da nossa cozinha e da relação de proximidade com os clientes. Quem experimenta uma vez volta depois e fica cliente, juntando-se a esta grande família. Muitos trouxeram os filhos e já vêm acompanhados com netos”, congratula-se Maria José Rodrigues Nogueira, nascida em Resende, que com o seu marido, Raul Nogueira, natural de Paradela, Tabuaço, e o casal José António de Almeida e Maria Luísa Reis Almeida, seus primos, ambos naturais do concelho de Resende, gerem o restaurante. Este é o local apetecido da classe média e média alta da região, na qual se contam, como clientes habituais, empresários, presidente, vereadores e técnicos da Câmara Municipal de Sintra, médicos, advogados, professores, reformados endinheirados e, claro, muitos turistas.
Nada faria prever que Maria José se tornasse na profissional exímia de relações públicas do seu próprio negócio. Com 62 anos, nasceu em Cotelo, freguesia de Resende, tendo frequentado a escola de Loureiro até perfazer a 4.ª classe. Depois, tal como os seus seis irmãos (um deles veio a falecer de acidente automóvel), ajudou os pais, caseiros na Quinta do Esporão. Aos 17 anos foi trabalhar na Casa Valente, em Resende, tendo vindo aos 19 anos, por influência de um tio que era então funcionário da Câmara Municipal de Sintra, para esta vila. Pouco depois da sua chegada, foi servir para o Hotel Central, onde permaneceu até 1970. Nesse ano, veio trabalhar para o restaurante “O Apeadeiro”, tendo exercido funções como ajudante de cozinheira e depois como empregada de mesa. Entretanto, o patrão e fundador, Humberto Parracho Penaforte, começou a investir mais numa pastelaria e confeitaria em detrimento do restaurante, manifestando vontade de o trespassar. É claro que Maria José e o marido, tendo consciência das potencialidades do negócio, não deixaram perder a oportunidade, tendo convidado para sócio o primo, José de Almeida, casado com Luísa Almeida, ambos aqui empregados, para este novo desafio.
Desde 1983, ano do trespasse, estes dois casais construíram um restaurante de sucesso. Para responder melhor à procura, realizaram obras de ampliação em 1988, tendo o mesmo passado de 40 para 120 lugares. Além dos dois casais detentores do negócio, trabalham aqui mais nove pessoas. Já agora, convém referir que Maria José Rodrigues Reis, que fundou o restaurante “Douro à Vista”, em Resende, de que continua proprietária juntamente com o marido, é prima de Maria José Nogueira, tendo trabalhado n’ “O Apeadeiro”, que funcionou como a sua grande escola.
O restaurante, nascido em 7 de Setembro de 1970, está localizado em zona privilegiada, perto da estação de comboios da linha de Sintra. O nome, a sua configuração original, com mesas dispostas ao comprido, fazendo lembrar um vagão, e a localização fazem jus à atmosfera fortemente ligada aos caminhos-de-ferro.
Tem havido uma grande estabilidade no que toca aos empregados, não tendo ocorrido alterações aquando do trespasse. Esta é também uma das causas para o seu sucesso. A actual cozinheira, Luísa Almeida, é que tomou conta deste lugar mais tarde, tendo vindo de uma fábrica de bolos, detida pelo fundador do restaurante.
Nesta casa nada é deixado ao acaso. Diariamente apresenta mais de 60 pratos à escolha, em que é privilegiada a cozinha tradicional portuguesa, e uma garrafeira invejável com apostas nos melhores vinhos do Douro, Alentejo, Dão e Verdes. Entre as especialidades, estão pratos como o bacalhau à Apeadeiro com raízes minhotas (região de onde era oriundo o cozinheiro inicial, tendo o prato ficado até hoje), o arroz de tamboril, a açorda de marisco, os filetes de peixe-espada, o cabrito assado, o bife à café, os escalopes à Archiduk ou a posta à mirandesa, não esquecendo a carne de porco à alentejana, a picanha e ainda muitas outras opções. Nas sobremesas, o destaque vai para o arroz doce, a mousse de morango e a taça do chefe (chantilly, mousse de chocolate e amêndoa ralada).
É de referir, por fim, que o restaurante apresenta um espaço muito acolhedor. Exibe peças decorativas alusivas aos caminhos-de-ferro, cedidas ao fundador por familiares e que aqui permanecem, e um telheiro sobre o balcão com motivos rurais pendurados, como cabaças, abóboras e tranças de cebolas e alhos.
Endereço:
Restaurante “O Apeadeiro”
Av. Miguel Bombarda, 3-A
Sintra Telef. 21 923 18 04
*Texto publicado no Jornal de Resende, número de Maio de 2011
