quarta-feira, agosto 05, 2009

Diário de férias (2)

Dizem que os miúdos são cruéis. O tirocínio pela sobrevivência e da adaptação à vida desponta cedo. Por isso, o jogo do poder e a aprendizagem das alianças impõem-se desde tenra idade. Recordo-me da dureza dos recreios da então escola primária, em Córdova. De Verão, de Inverno, na lama ou na terra dura, o jogo mais frequente era a luta corpo a corpo, de três contra três colegas (dois jungidos e um encavalitado no meio). Sem vigilância, sem auxiliares, sem reprimendas dos mestres e adultos.
A poucos metros da escola, residia o boi cobridor da freguesia, cujo porte metia medo. Duas vezes por semana, em média, saía espavorido da loja para "atender" a respectiva vaca que o esperava a postes. Era a nossa educação sexual ao vivo, cujas aulas nunca foram reclamadas.
Na passada segunda-feira, dia 3, na festa da Senhora da Ouvida, não me admirei do entusiasmo por duas valentes chegas ou lutas de bois por contraponto por outras duas que decepcionaram. Gostamos de protagonizar e ver refregas. Nas serras (em ambiente "natural") ou nos salões (em ambiente polido). E vencer ou estar sempre com os vencedores.
A distância das cavernas é pequena.