quarta-feira, janeiro 14, 2009

Bigorne/Lamego/Resende (A aventura inesperada)

Saímos de Coimbra (a Graciete, a Filipa e eu) às 18h15 da passada sexta-feira, dia 9; chegámos a Quintãs de Paus às 00h30 de sábado; só às 02h00, terminámos a viagem, em Anreade, o nosso destino. O carro descontrolou-se três vezes. 5km após Bigorne e até Lamego foi a passo de caracol, sempre em fila, com paragens contínuas, algumas de 3o minutos. Encostados à direita, permaneciam dezenas de camiões com os condutores e algumas viaturas "abandonadas" sem ninguém.
Foi a viagem da minha vida. Feita de silêncio e de perigos. Fez-me lembrar a viagem de Malanje até à chamada zona operacional. Tudo o que mexia então era fonte de cautelas, mas a gente foi-se habituando. E a arma dava alguma segurança. Agora, sobre a neve e o gelo, as palavras de ordem eram prudência e concentração máxima. Consciente que, face aos "deslizes", o controlo sobre "a máquina" é quase mínimo.
Já estava previsto desde o fim do ano. Por vários motivos, era importante que estivéssemos em Anreade no dia 10, sábado, pelas 08h30. Por isso, saímos na véspera. Cerca das 18h00, telefonei para a GNR de Castro Daire para saber se podia "romper". Foi-me sugerido para contactar a brigada de trânsito, o que fiz. A resposta foi animadora: "nevou e continua a nevar; o trânsito, embora de forma lenta, flui na A24; nós temos lá os meios para apoio e imprevistos".
A neve começou a cair antes de Viseu, mas só em Castro Daire se começou a ver um manto branco. Após o primeiro deslize do carro junto da Senhora da Ouvida, ainda pensámos dormir no hotel das Termas do Carvalhal, mas uma viatura da GNR, parada junto de Bigorne, cujos agentes se limitavam a ver os carros passar, deu-nos ânimo para continuar. Passados alguns quilómetros, foi o que se sabe. Mas não nos vimos desamparados. Por nós passaram dois limpa neves, um dos quais a espalhar sal, três viatura da GNR e vários funcionários da A24 encontravam-se ao longo da mesma dando conselhos.
A chegada a Lamego foi uma decepção, pois as ruas e vias de acesso estavam cheias de neve e gelo. Admira-me que quem de direito na cidade não tomasse quaisquer medidas nem nada providenciasse para melhorar a situação.
E depois foi a caminhada lenta até Paus. Mas valeu a pena. O vale da minha terra, coberto de branco, em noite de lua cheia, ofereceu-me o melhor espectáculo da vida.