terça-feira, novembro 11, 2008

Empanturramento de castanhas

As castanhas e os magustos são hoje pretexto de convívio, de festa e de oferta de múltiplos sabores. Mas a relação de muitos de nós com este fruto é a negação desta realidade. A castanha representou muitos espinhos cravados nas mãos, muito frio e muito carrego às costas.
Os negociantes vinham vale acima comprá-la, mas exigiam-na na Ponte de S. Martinho ou em Santo António. Algumas arrobas seguiam em carros de bois ou em jericos. A maioria, contudo, era transportada às costas e à cabeça. Num esforço inimaginável.
Os soitos eram passados a pente fino diariamente, de manhã e à tardinha.
E, à noite, à ceia, de Outubro a Dezembro, era a dieta costumeira. Esperava-nos sempre uma panela de castanhas cozidas. Após comer três ou quatro, dizia logo: "já estou empaturrado", mas uma "voz amiga" retorquia imediatamente: "só mais estas; já estão descascadinhas e tudo".
Continuo empaturrado.