terça-feira, setembro 09, 2008

XXVII Festival de Folclore de Paus

Eram 11 horas de domingo quando começaram a chegar junto à sede dos bombeiros os autocarros que transportavam os grupos folclóricos convidados, tendo a recebê-los a direcção do rancho anfitrião, António Branquinho, Liseta Cardoso e Abílio Cardoso. De seguida, foram encaminhados para a escola secundária, onde decorreu o almoço. Tudo isto obedeceu a uma logística complexa, pois envolveu cerca de 300 pessoas. Como sempre, a alma desta organização foi António Branquinho, presidente da direcção. Os custos são elevados. Só as despesas com cozinheiras, aluguer do espaço da escola e aquisição de mantimentos rondaram os 750 euros.
Cerca das 14h30, começaram a sair de Resende. E, às 15h3o, teve início a subida ao palco de cada um dos 5 ranchos convidados para apresentação ao público. Depois, foi a vez da entrega das prendas/recordações.
António da Costa Branquinho saudou as autoridades locais e todos os presentes, tendo dirigido uma palavra especial de boas vindas aos elementos dos ranchos convidados. Manifestou satisfação pela presença do Presidente da Câmara, Eng. António Borges, e vereadores, Silvano Moura e Prof. Dulce Pereira., tendo apelado a um apoio condizente com o aumento substancial das despesas, referindo que a preservação e divulgação do património cultural não têm preço.
O Dr. Brito de Matos, em representação da Federação do Folclore Português, elogiou o trabalho pioneiro do rancho de Paus no levantamento e preservação das nossas tradições, tendo feito a apologia dos grupos federados, pois são esses que garantem a genuinidade do folclore.
O Eng. António Borges, Presidente da Câmara, regozijou-se pela presença de tanta gente no festival, apesar da coincidência da festa dos Remédios, da feira do Fojo e do campeonato de Jetski nas Caldas de Aregos. "A nossa terra só sobreviverá se mantiver a sua identidade. A cultura de massas tende a diluir a nossa identidade", referiu a dado passo, acrescentando que os festivais não são uma rotina, mas uma manifestação de alegria e de orgulho nas tradições populares. "O rancho de Paus ajuda-nos a perceber que estamos mais unidos do que parece", rematou.
Depois foi a actuação do nosso rancho. Empolgante. Arrancando forças das entranhas da terra e impondo às danças o movimento e a harmonia do contraste das estações, das vessadas, da pisa das uvas, das desfolhadas, das noites tranquilas e do tempo agreste. A "roquesta" este impecável. A voz do Toninho fez jus à fama que já vem de longe. O "cramol" Arrula, arrula...cantado a três vozes femininas, em que sobressaiu Liseta Cardoso, foi a grande surpresa, que fez a diferença na marca e no registo da singularidade do reportório do rancho de Paus.
Os ranchos convidados tiveram actuações de muita qualidade, mostrando a diversidade do folclore.
O Prof. António Marques na locução, com a sua simpatia e experiência nestas lides, foi a voz certa e tranquila a marcar o ritmo do fio condutor do festival.
"Vai-te embora mês de Maio,/Com tuas variedades;/Deixas campos de flores/E a mim deixas soidades".