domingo, agosto 17, 2008

Procissão de Santa Maria de Barrô

É em Barrô que se celebra a festa com mais tradição e pergaminhos em honra de Nossa Senhora da Assunção, aqui sob a invocação de Santa Maria. Esta festa já era, nos séculos VI e VII, uma das mais importantes da Igreja do Ocidente. Barrô era por essa altura uma pequena e fervorosa comunidade cristã, reunindo num templo modesto, que tinha Santa Maria como padroeira. Mesmo sob domínio muçulmano, de meados do século VIII até meados do século XI, a devoção a Santa Maria nunca esmoreceu. A edificação da majestosa igreja de Barrô, nos inícios do século XIII, hoje monumento nacional, é reveladora da importância da devoção das gentes de Barrô a Santa Maria, cujo testemunho foi sendo transmitido de geração em geração.
A procissão é uma das mais imponentes da região, como se pôde constatar mais uma vez este ano. E manteve o mesmo figurino: com andamento imposto no início por dois Guardas Republicanos a cavalo, tendo o acompanhamento de duas bandas de música, integrando muitos andores (15 no presente ano) e enquadrada pela vivacidade representativa de cenas bíblicas, anjos e aspectos da vida de alguns santos, o que lhe emprestou um colorido muito especial. É de realçar as muitas centenas de pessoas que se incorporaram no longo cortejo, que saiu da igreja às 16h00 e deu entrada cerca das 18h00.
Os andores foram recolhidos das diversas capelas da freguesia, durante a manhã do dia 14, ao som da banda de música de Tarouca, que para o efeito se dividiu em dois grupos. Da Seara vieram os andores de Nossa Senhora do Carmo, de Nossa Senhora de Fátima e de S. Brás. Da Ribeira veio o de Nossa Senhora do Amparo. De Vilar, o de S. João. De Vilarinho o de Sto. Amaro. Do Quinteiro, o de Sto. António. E de S. Domingos, o santo do mesmo nome.
O andor com a imagem com mais tradição diz respeito a Nossa Senhora da Boa Viagem, que é retirada do nicho do conjunto rochoso de Piares, nas margens do
Rio Douro, através de escadas suportadas por barcos. Na senda e em memória da devoção dos antigos marinheiros à sua protectora e padroeira, há sempre alguém que suporta as despesas com a armação deste andor.
É uma festa que envolve uma grande organização e logística e um elevado orçamento. Só as despesas com as duas bandas de música deste ano (Associação Filarmónica de Tarouca e a Banda de Música da Portela-Vila Real) rondaram os 8.000 euros. Mas por esta devoção milenar, pela tradição e pelo respeito às muitas pessoas que aqui demandam, a festa tem de continuar.