quinta-feira, abril 19, 2007

Grupo Coral de Resende (2.ª parte)

Reportório musical
Os grupos corais são herdeiros do cantochão, ou seja, do conjunto de melodias vocais, cantadas em uníssono nos rituais litúrgicos das igrejas, que se desenvolveram e fixaram no início da Idade Média, com base nas tradições musicais hebraicas e gregas. Na Igreja dessa época só tinha lugar a música vocal, pois os instrumentos, à excepção do órgão, eram considerados como algo pagão. A música a uma só voz, ou seja a uníssono (monodia), foi evoluindo, a partir do século nono, para um novo estilo, integrando várias partes melódicas independentes, ou seja, para a música com “várias vozes” simultâneas (polifonia), estendendo-se também à musica profana, tendo atingido o seu apogeu no Renascimento.
Em registo monódico, em canto polifónico, a cappella ou com acompanhamento instrumental, o Grupo Coral de Resende tem um vasto reportório, direccionado para contextos e públicos diversos. Como coro multifacetado, está preparado para abrilhantar com cânticos litúrgicos missas festivas; executa com mestria música sacra e erudita e resgata as memórias, interpretando e recriando música tradicional, onde se incluem muitos temas da região do Douro, acompanhada de instrumentos (acordeão, viola, bandolim e bombo).
É de salientar que o reportório integra três músicas originais da autoria do P. Correia de Noronha, compostas propositadamente para o Grupo Coral de Resende

Actuações
Em Resende, o Grupo Coral tem marcado presença nas comemorações do 25 de Abril e nas festas da Labareda, feiras e lançamento de livros, efemérides e eventos culturais. Em colaboração com a Câmara, numa iniciativa bem conseguida, efectuou, durante três anos, récitas de Natal, onde participaram várias dezenas de crianças do 1.º ciclo, preparadas e ensaiadas pelo maestro Luís Manuel Ferreira Pinto, tendo registado grande adesão.
Devido aos talentos firmados na execução de cânticos litúrgicos, tem sido muito solicitado para dar uma dimensão festiva às missas de casamento. No nosso concelho e arredores, já são muitos os noivos a não prescindir da presença deste coro.
Quanto à música sacra, a última actuação teve lugar na sé catedral de Lamego, inserida na Semana Santa, tendo constituído um momento de grande elevação artística para o numeroso público presente.
No âmbito de outros registos musicais, tem sido convidado por várias Câmaras Municipais para actuar em eventos por si promovidos ou apoiados, onde se incluem, entre muitas outras, Tarouca, Penedono, Lamego, Mirandela e Vila do Conde. Tem também actuado a pedido de várias entidades, como, por exemplo a Casa do Douro. A última actuação aconteceu, no passado dia 14 de Janeiro, a convite de uma associação da Penajóia.
Os Encontros de Coros de Resende, por si organizados anualmente, têm trazido ao nosso concelho muitos grupos de grande qualidade. O último ocorrido no passado dia 3 de Dezembro, teve lugar no Auditório Municipal, onde participaram, para além do grupo anfitrião, o Coro de Oiã (Oliveira do Bairro) e o Orfeão de Viseu. No âmbito de permutas, o Grupo Coral de Resende tem actuado em eventos congéneres ao longo do país, onde tem executado com mestria música erudita e popular regional.
Merecem também realce especial as deslocações à Suíça e Canadá a convite das nossas comunidades de emigrantes, onde efectuaram diversas actuações, com destaque neste último país, onde não tiveram descanso durante uma semana.
É ainda de referir uma gravação para a Rádio Difusão Portuguesa e a participação na colectânea “Os Melhores Coros da Região Norte” em CD.
Em sinal de reconhecimento do seu valor como agente cultural dentro e fora do concelho, foi-lhe atribuída pela nossa Câmara Municipal a Medalha de Grau Ouro.

Coincidências
As deslocações são também ocasião de convívio e pretexto para estabelecer cumplicidades, onde podem acontecer episódios pitorescos, como aquele que a seguir se descreve.
Há cerca de quatro anos, quando o grupo se dirigia para um encontro de coros no Entroncamento, foi pedido ao serviço de atendimento/informações da Portugal Telecom que estabelecesse ligação ao restaurante “Manjar do Marquês” da zona de Pombal (na Estrada Nacional N.º 1) a fim de se reservar lugar para 40 almoços. Estranhamente, a funcionária dos telefones conseguiu a proeza de ligar a dois restaurantes com o mesmo nome (situados, respectivamente, no Algarve e Ourém/Fátima). O primeiro começou por levantar desconfianças, quando a empregada começou por referir que as reservas eram assunto a tratar com o patrão, tendo as suspeitas do engano sido postas a nu num segundo telefonema, em que se ficou a saber que a lotação era apenas de quinze lugares. Ultrapassado este incidente, foi efectuada a reserva no segundo restaurante que se presumia ser o autêntico “Manjar do Marquês”. Só quando a comitiva, despreocupadamente, procurava mesa no restaurante com o serviço pretensamente encomendado, é que foi confrontada com o equívoco. Ali não constava qualquer reserva. Contudo, devido ao aperto das horas e da fome, as pessoas abancaram ali mesmo, embora tivessem de esperar algum tempo. Além do mais, era o restaurante efectivamente pretendido.